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Mostrando postagens de fevereiro, 2015

João e João

O centro histórico estava muito movimentado .  Pessoas caminhavam de um lado a outro. A vida ia nesse vaivém necessário e contínuo. Parece que ela não muda, sempre nesse ciclo.   Olhos nem se cruzavam. Gente parecia nem perceber gente. Médicos, frentistas, advogados, alunos, professores. Toda sorte de pessoas se esbarrava, sem que suas histórias sequer fossem conhecidas.   João - talvez pedreiro, ou carpinteiro, ou motorista, quem sabe qualquer profissão - parou o pa sso, olhou no chão, sob a sombra da árvore. Viu um disjuntor. Isso, um disjuntor. Olhou com calma. Fixou um pouco mais, abaixou-se e pegou. Sacudiu com cautela, como quem toma em mãos uma lâmpada mágica em busca de um gênio. Soprou. Tirou a poeira. Pensou se estava boa. Mas não poderia testar.   Aproveitou para descansar, pois estava exausto e suado. O sol era escaldante.  Ficou com aquela pequena peça na mão. O que fazer? Pensou estar perdendo tempo. Olhou de um lado a outro e ficou se perguntando se não estava faze

LIÇÕES DE UM PÉ DE MANGA

Do quintal da minha casa eu vislumbrava um lindo e frondoso pé-de-manga-espada. Todo ano, ele indubitavelmente presenteava meu vizinho com maravilhosas e suculentas mangas. A seu tempo, a mangueira ficava imponentemente, carregada de frutos que davam água na boca.   Lembro de idos tempos, em que, no período oportuno, alegrava-me ver que as flores exibiam singular beleza. Essa aparição vinha adornada da presença de muitos insetos que se alimentavam ali, com particularidade indizível. Sei que parece um dos fenômenos mais naturais e corriqueiros da vida, mas injetava dentro em mim grato assombro, de modo que era impossível deixar de perceber. O problema é que a correria cotidiana às vezes acaba nos roubando a capacidade de perceber o leve, mas notório desenrolar da vida, com suas nuanças, dotada de tão grande propriedade.   Essa constatação do brilho das flores me enchia já da certeza de que o melhor momento estava chegando: colher as mangas. A manga-espada, aqui afirmo, é a melhor