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Mostrando postagens de 2015

As Crianças Sem Futuro

Em homenagem a  Aylan Kurdi, o menino sírio de três anos que morreu afogado na quarta-feira (2) em Bodrum, na  Turquia .  Jesus, porém, disse: Deixai as crianças e não as impeçais de virem a mim, porque de tais é o reino dos céus (Mateus 19:14)  Sou pai. Tenho certeza de que, se um dia precisar, deixo de me oferecer qualquer benefício para faze-lo a minha filha. A obrigação de promover o melhor para sua família é algo instintivo no pai ou na mãe. É assim nos animais irracionais, é assim conosco. Quando isso não acontece, algo está fora do prumo natural do desenrolar da vida. Ver um filho chorar é um sofrimento muito grande. Pai ou mãe desejaria, se possível, transferir qualquer dor de um filho para si. Principalmente quando ela é pequena, desprovida de recursos até mesmo naturais de encarar os desafios da vida. Sobreviver já se torna, hoje em dia, um ato de pura bravura para um adulto; mais ainda o é para um ser pequeno e indefeso. Jesus demonstrou cuidado especial pelas crian

Rendição

Boa tarde, dona Vida. Hoje é quarta feira. Ando meio perplexo com os acontecimentos com os quais a humanidade anda construindo. Sim, isso mesmo, a construção de alguns fatos tem me mexido o íntimo e estou perdendo a capacidade de entender o funcionamento das coisas. Sou adulto, e até onde consta a coerência e a naturalidade das coisas, confesso que não estou acostumado com certas anormal idades - na verdade, anomalias, em meu entendimento. Quando eu era criança, amiga Vida, aprendi a me vestir de alegria e caminhar ladeado pela liberdade e inocência com muita pureza. Os meus olhos não conseguiam ver maldade em tantas coisas. A verdade é que eu interpretava maldade geralmente naquilo que pudesse causar dor em mim ou em outro amigo. Fora isso, não a entendia de outra forma. Nosso descompromisso com qualquer coisa era algo tão natural, como naturais eram os dias que embalavam nossas vidas. Tudo não passava de pura ingenuidade. Ser criança era viver fatos e atos concernentes somente a essa

Ele vive

ELE VIVE O verdadeiro Cristo, no qual acredito, não está mais entre os mortos: ELE RESSUCITOU. Se eu não acreditar nisso, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé. 1 Coríntios 15:14

Amor

AMOR Simplesmente é uma questão de amor:  amor compreendido, amor correspondido. Essa relação se estabelece com suavidade, sem agressão, sem barganhas, sem medo ou penitência.    Assim compreendo minha convicção de resposta ao amor do Pai.   Não consigo ficar inerte a tão grande prova de amor para comigo.   É absolutamente impossível.   São Luís, 09 de Abril de 2015   By   Jahilton  Magno

Aroma

AROMA De repente, um cheiro de algo, lá no tempo deixado, exalou em meu coração.  Simplesmente fechei os olhos e deixei-me ser conduzido pelas sensações e lembranças. O coração, então, chorou, a mão ficou gelada, e a temperatura do corpo mudou, suspirei querendo tatear as imagens.   Ainda fechados os olhos, baixei a cabeça, silente, e peguei-me em soluços.  O aroma da vida era inconfundível.  Tinha cheiro de  gente, cheiro de mim, cheiro de gente em mim, de mim em gente.    Era simplesmente uma saudade que se materializava ao cair da noite, assim de leve, sem pretensão, mas espontâneo.  O passado tem cheiro, idade, temperatura, cor, ri e chora, abraça e aperta, sorri e faz chorar.   Desculpem-me os duros, mas não sei viver sem esses vislumbres!   Se eu não chorar, fico com medo de perder minha humanidade e vê-la engolida pelas durezas do cotidiano. São Luís, 11 de Abril de 2015 By Jahilton Magno

Identidade

IDENTIDADE Ei, acorda - ouvi bem longe. Quem é? - perguntei. Sou eu - respondeu Eu? - indaguei  Sim. Estou aqui... - disse-me Tentei levantar, ainda não entendendo nada.  Não precisa se levantar - disse-me, acalmando-me. A voz era suave, não estranha, leve, cativante. Quero apenas te dar um abraço - expressou. Aproximou-se. Em mim não havia reações externas. Apenas me tomava um misto de dúvidas e surpresa. Afagou-me com singularidade e a temperatura tinha a textura do amor. A pele trazia um calor de alma. O cheiro... Ele fincava em mim sensações não desconhecidas.  Fechei os olhos. Confesso que era de uma agradabilidade aquele momento. A minha preocupação de saber quem era de repente se foi, pois entre a curiosidade e o bem-estar - naquele momento - optei pelo segundo. Vagorosamente foi me soltando. Olhou-me nos olhos, ainda perplexos. Trouxe a mão aos meus lábios. Não diga nada - alertou-me. Senti-me desamparado das forças naturais de um homem. E o silêncio tomou-

João e João

O centro histórico estava muito movimentado .  Pessoas caminhavam de um lado a outro. A vida ia nesse vaivém necessário e contínuo. Parece que ela não muda, sempre nesse ciclo.   Olhos nem se cruzavam. Gente parecia nem perceber gente. Médicos, frentistas, advogados, alunos, professores. Toda sorte de pessoas se esbarrava, sem que suas histórias sequer fossem conhecidas.   João - talvez pedreiro, ou carpinteiro, ou motorista, quem sabe qualquer profissão - parou o pa sso, olhou no chão, sob a sombra da árvore. Viu um disjuntor. Isso, um disjuntor. Olhou com calma. Fixou um pouco mais, abaixou-se e pegou. Sacudiu com cautela, como quem toma em mãos uma lâmpada mágica em busca de um gênio. Soprou. Tirou a poeira. Pensou se estava boa. Mas não poderia testar.   Aproveitou para descansar, pois estava exausto e suado. O sol era escaldante.  Ficou com aquela pequena peça na mão. O que fazer? Pensou estar perdendo tempo. Olhou de um lado a outro e ficou se perguntando se não estava faze

LIÇÕES DE UM PÉ DE MANGA

Do quintal da minha casa eu vislumbrava um lindo e frondoso pé-de-manga-espada. Todo ano, ele indubitavelmente presenteava meu vizinho com maravilhosas e suculentas mangas. A seu tempo, a mangueira ficava imponentemente, carregada de frutos que davam água na boca.   Lembro de idos tempos, em que, no período oportuno, alegrava-me ver que as flores exibiam singular beleza. Essa aparição vinha adornada da presença de muitos insetos que se alimentavam ali, com particularidade indizível. Sei que parece um dos fenômenos mais naturais e corriqueiros da vida, mas injetava dentro em mim grato assombro, de modo que era impossível deixar de perceber. O problema é que a correria cotidiana às vezes acaba nos roubando a capacidade de perceber o leve, mas notório desenrolar da vida, com suas nuanças, dotada de tão grande propriedade.   Essa constatação do brilho das flores me enchia já da certeza de que o melhor momento estava chegando: colher as mangas. A manga-espada, aqui afirmo, é a melhor