“E Rute, a moabita, disse a Noemi: Deixa-me ir ao campo, e apanharei espigas atrás daquele em cujos olhos eu achar graça. E ela disse: Vai, minha filha.”
O contexto é um dos mais complicados possíveis: a cidade passa por um momento de falta de alimento total e Rute e Noemi são duas viúvas que não têm ninguém que pudesse lutar pela causa delas. Então a nora diz à sogra que vai apanhar espigas para a alimentação de ambas. A única palavra que recebe é essa: Vai, minha filha.
Talvez, pela simplicidade desse diálogo, sejamos impulsionados a continuar a leitura do texto, sem nos ater ao que seja uma das grandes lições que está presente nas entrelinhas. Quando observo esse texto, lembro-me da vida. Sim da vida essa nossa de todo dia, com problemas, com decepções, com correrias, com desafios, com lágrimas, com perdas, com sonhos, com distanciamentos, com separações, com alegrias e tristezas; a vida com notícias boas e muitas vezes ruins, com momentos de céu e outros de inferno. É dessa vida que me lembro. Porque é essa vida que vivo e com certeza a vida que a maioria das pessoas normais também vive. E o que isso tem a ver com o texto? Tudo. A vida é feita de relações. E as relações muitas vezes ajudam a determinar o que somos e venhamos a ser no futuro. Porque nós não podemos viver sem elas. As relações são à base das nossas vidas. E como nós as vivemos pode nos influenciar de forma positiva ou negativa ao longo dos anos.
Ao dizer a Noemi, sua sogra, que simplesmente iria catar espigas, Rute estava colocando em jogo toda a sua vida. Tinha ela uma necessidade, um sonho, um objetivo e moveu-se em direção a isso com todas as forças que ainda encontrava em seu fraco, calejado e já abatido corpo. Embora todas essas adversidades, e antes de se lançar ao desafio aparentemente tão simples de catar espigas, estando certa da sua decisão, Rute dirigiu uma palavra a sua sogra. E o que dela ela ouviu? Foi um ‘não’? Foi um ‘não vá’? Foi um ‘não vai adiantar ir, minha filha’? Foi um ‘para quê, minha filha, se estamos fadadas à morte’? Não, ela não recebeu nenhuma dessas palavras. Pelo contrário, sua sogra lhe disse: ‘Vai, minha filha’. Olhe para sua vida e pense em quantos sonhos se lhe tomam o coração, quantos desejos grandes permeiam seu coração, quantos objetivos se lhe rodam diuturnamente a cabeça. São vários como teu tenho vários e sou tão humano quanto qualquer um outro.
Mas perceber esse texto e suas lições é entender que existe mais que apenas ter sonhos. É entender que o papel de pessoas com as quais temos estabelecidos relações, ás vezes viscerais, é de fundamental importância na construção e concretização dos nossos sonhos, como também a não realização deles. Para Rute, ouvir de sua sogra uma palavra de apoio pode ser o divisor de águas entre céu e inferno, entre vida e morte, entre construção e desconstrução.
Noemi disse a Rute: vá minha filha, corra atrás dos seus sonhos, corra atrás dos seus objetivos, ande em direção à satisfação das suas necessidades, mergulhe naquilo que você tem como alvo de vida e faça aquilo que você encontra como direção de Deus para sua vida. Vá, minha filha, eu te abençôo, eu confio em ti, eu acredito no seu potencial, eu abraço a tua causa e ainda que eu não vá lado a lado com você, saiba que em espírito estou com você; estou com você em oração pedindo a Deus que a abençoe. Era isso que Rute transmitia à sua nora.
Podemos nem pensar o quanto isso foi importante na vida de Rute, mas foi. E teve um papel relevante. Na vida temos a necessidade de encontrar pessoas que abracem a nossa causa; pessoas que digam VÁ EM FRENTE, pois precisamos entender que a benção de Deus também vem através daquelas relações que estabelecemos ao longo da vida. Deus se manifesta também através das relações que construímos ao longo das nossas caminhadas e delas necessitamos ouvir: VAI, MEU FILHO, MINHA FILHA. E além da necessidade ouvir palavras de encorajamento reflita também na possibilidade urgente de que você também tem que ter esse papel de abençoador.
Certamente eu teria mais uma infinidade de coisas a falar sobre esse assunto, mas isso aqui é um blog e não um livro. Mas creio que o princípio de Deus foi passado. E Deus pela sua misericórdia fará essa palavra frutificar em seu coração e que sua vida seja abençoada em nome daquele tem o nome acima de todos: Jesus Cristo.
Jahilton Magno
São Luis,
23.12.09
Desejo a você um feliz natal atrasado ( rsrsrsrs ) e um prospero ano novo, que 2010 seja repleto de bençãos e paz e que neste ano que está chegando, você e sua família sejam grandemente abençoados.
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