Felicidade é algo que só é real e verdadeiro se concebido conscientemente em Deus. É mais fácil conceber a infelicidade quando se está longe da felicidade. O filho pródigo foi mais consciente diante dos fatos amargos, de suas implicações e dissabores a ponto de ver em seu real estado o que não era felicidade, do que quando a tinha – embora não reconhecesse. Quando diante da presença do Pai, não foi capaz de ter consciência para enumerar e aceitar as bênçãos vindas mediante sua comunhão com o pai, e ,com isso, ser-lhe grato através de atitudes dignas da sua posição: filho.
O filho pródigo conseguiu somente mediante perdas, fracassos, desapontamentos, decepções, traições e necessidades básicas não supridas, perceber o valor da sua própria vida. Ele conseguiu estabelecer uma diferença – experimentalmente de forma dolorosa – entre sua posição social: o que era e que estava sendo. De filho herdeiro, a empregado; de patrão, a empregado e não apenas um empregado qualquer, mas dentro de uma hierarquia trabalhista quase que o menor: cuidar dos porcos. Não que seja desonroso sê-lo. Em Deus, qualquer trabalho é digno. Mas é para atentarmos para a forma como a vida vira de cabeça para o baixo quando se resolve tomar o controle de algo que somente alguém, com experiência, pode conduzir – que é a nossa própria existência –, sem que seja de maneira dissoluta e muito menos destrutiva: JESUS CRISTO.
A frustração no pródigo foi o chão que ele pisou para andar rumo à consciência da verdade e da felicidade. As perdas fizeram parte do processo de chegada ao verdadeiro objetivo. A liberdade dada pelo pai também é algo pedagógico, pois em toda a sabedoria e experiência de vida – ainda que em meio a dor de ver o distanciamento e a separação do filho, sabendo dos riscos também – ele sabia da necessidade que existia no filho de aprender vivendo e tendo que inevitavelmente ‘quebrar a cara’. O dia da aquisição da consciência pode não vir bruscamente em um só dia, mas pode se desenvolver paulatinamente, mediante as visões que se tem das realidades que se vive. A alma conversa consigo mesma na direção daquilo que se possa chamar de arrependimento. Arrependimento inicial não por aquilo que não se tem, mas muito mais ainda pelo que se tem, sabendo onde tem e que está disponível a qualquer momento.
Essa consciência causa dor, pois ela estabelece comparações do estado atual, com o estado passado que automaticamente dialoga com o estado futuro que se possa viver segundo as escolhas que se faz. Ser feliz é uma questão de escolha. Ás vezes as escolhas que fazemos nos levarão a momentos amargos, de modo que seremos sempre fruto das nossas escolhas.
E ninguém mais além da nossa consciência poderá nos devolver a luz de que existe um abismo entre o que estamos e o que somos, como resultado das nossas opções.
É incrível que na vida parece mais fácil ser consciente quando não se tem do que quando se tem. Os olhos se inclinam a avistar somente a falta, o desassossego, as intempéries, os turbilhões emocionais, as perdas de qualquer ordem; a contemplação se foca no que falta, na mudança de estados, seja social, familiar, profissional, ou qualquer outra; a percepção se abraça às inexistências (falta isso, falta aquilo, falta aquilo outro); a contemplação se liga umbilicalmente às ausências (falta colo, falta amor, falta dinheiro); a mirada vê os horizontes de sequidão apenas (sem cônjuge, sem trabalho, sem filho (a); o discernir é fadado apenas ao temporal (no momento, não vejo Deus, não tenho amigos, me falta companhia); a pupila se dilata vislumbrando na contramão do que se é, em sua mais original natureza, ao passo que o que se está sendo é totalmente contrário à sua própria existência.
Ser feliz é evitar tudo isso, pois vivê-lo por escolha errada é ser infeliz. E termino essa pequena reflexão lembrando que para ser feliz não é necessário primeiro ser infeliz. Não, não. Para ser feliz basta reconhecer o que se tem e o que se é em Deus. NEle e somente nEle é possível ter consciência equilibrada. NEle não existe necessidade de buscar lá fora o que se tem aqui dentro. O que lá está é temporal, frustrante, amargo e destrutivo. O que está lá é dissimulado, tem duas caras. Aqui, com o Pai, há alegria e nada falta, pois somente a presença do Amigo Eterno é suficiente para suprir todas as necessidades. Aprendamos que a felicidade é um estado que resulta de escolhas certas em Deus e que infelicidade é simplesmente abrir mão disso. Abrir mão das verdades de Deus é a maior infelicidade do homem, pois deixa de perceber o que tem (que é totalmente pleno) para abraçar o que não é seu e que nunca será. Felicidade é isso: aceitar o que é seu como presente de Deus, nunca esquecendo disso como dádiva completa que não admite uma busca por algo que na verdade nunca foi seu e que não existe.
NaquEle que é tudo para uma pessoa ser feliz.
Jahilton Magno
São Luis, 26.03.11
Comentários
Postar um comentário
VOCÊ FOI EDIFICADO? DEUS FALOU AO SEU CORAÇÃO? FAÇA UM COMENTÁRIO PARA QUE OUTRAS PESSOAS SAIBAM!