Andei lendo sobre a sabedoria de Salomão e investigando um pouco sobre seus pensamentos. E o livro de Eclesiastes nos deixa muitos ensinamentos, levando-nos a refletir sobre a vida e sobre o tempo e o que construímos ao longo dela.
Inicialmente poderíamos entender a vida como tediosa e sem sentido, porque segundo as afirmações de Salomão tudo que se faz na vida é vão. E não precisa ser muito sábio para concordar com as suas assertivas. O que mais o intrigava era o fim de todas as coisas, não somente o fim delas, mas a forma como o desenrolar da vida leva inevitável e imutavelmente para um fim lógico e desenhado. O círculo da vida causou em Salomão um sentimento de apatia, porque essa é a conseqüência quando olhamos para a vida e a entendemos apenas assim: como algo totalmente lógico e óbvio, no que diz respeito ao fim das coisas.
Salomão instaurou um estudo sobre a vida e chegou à conclusão que tudo é como correr atrás do vento. Que não há nada de novo e que tudo que existe já existiu. A leitura do livro poderia nos deixar desanimados a respeito das nossas lutas, dos nossos sonhos, dos nossos anseios, dos nossos projetos, pois ele afirma que tudo isso é correr atrás de vento. Mas há um ponto no livro que é muito interessante em que ele traz à luz um novo ensinamento sobre todas essas construções, todos esses sonhos, e todas as empreitadas da vida: elas só terão sentido se forem fundamentadas em Deus. Por isso ele admoesta: lembra-te do teu criador.
Lembrar-me de Deus é entender a vida não como algo lógico e óbvio demais, a ponto de deixar de compreender que o cosmos, e toda a natureza, e todos os fatos ao meu redor conspiram para a compreensão de que Ele está no controle. Lembrar-me de Deus é não aceitar a logicidade dos fatos, e encarar a vida como algo sempre novo a ser descoberto. Lembrar-me de Deus é não aceitar a manutenção daquilo que está desenhado até mesmo pelas histórias que foram construídas ao longo das vivências humanas, e não perpetuá-las em minha vida, sabendo que existe algo fora do óbvio construído em Deus para que eu viva.
Entender que os rios correm para o mar e o mar nunca se enche e que isso não muda ensina-me que a vida é realmente cíclica, mas não afirma que é a mesma água que corre para lá todos os dias. E assim como aprendo isso, também tenho que ter a capacidade de discernir que não são os mesmos os dias do ano, que cada momento em minha vida é diferente e pode ser ainda mais; que cada experiência é a oportunidade de aprendizado e que tenho que entender que a pedagogia de Deus está para mim assim como o céu está para as estrelas.
Mas se em todo o percurso da minha existência eu apenas perceber esse ininterrupto ciclo como algo que não vai mudar, apenas estarei fadado a nunca descobrir o propósito de Deus, até porque também sair do óbvio não é fácil, não é aceitável facilmente e sempre será desconfortante porque estará mexendo com as minhas mais intrínsecas volições e desejos, e muito ainda mais com o meu ego, mostrando-me também desafios.
Portanto saibamos encontrar equilíbrio para sair da lógica da vida e encontremos verdadeiramente sentido em Deus, que nos ensinará que tudo o que fizermos vai ter sentido e não estaremos correndo atrás do vento.
Em Cristo Jesus, que me mostra que viver é experimentar de Deus todos os dias
Jahilton Magno
São Luís, 17.11.09
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