“O amor não busca os seus próprios interesses.”
I Co 13.5
Em nossas experiências de vida, sejam elas em
ambiente familiar, escolar, profissional, sentimental, enfim, todos nós temos histórias
para contar de relações e relacionamentos complicados, de rupturas, de dores,
de falta de compreensão, de falta de amor, de atitudes extremamente egoístas. O
egoísmo do ser humano é algo tão difícil de descrever e compreender em suas
razões e motivações. O egoísmo anula possibilidades de reconciliações,
fragmenta relacionamentos, faz sucumbir as pontes das amizades, afunda as
motivações de reencontros, destrói as chances de abraços, emudece as frases de
amor, inutiliza os gestos de fraternidade, engessa as intenções de misericórdias.
O egoísmo é algo totalmente maléfico, pois
somente faz a pessoa ver a si mesmo como centro das coisas, objeto do amor,
dono da verdade, alvo das expressões de carinho, onde nunca ninguém pode vir em
primeiro lugar. Ele causa uma cegueira no que diz respeito ao que está ao
redor, e a visão só capta minuciosamente o que está em si.
Quando as relações começam a se esvair, pode
buscar em suas razões e se não estão por lá as raízes do egoísmo. A sociedade
nos ensina que não devemos dar o braço a torcer, que não devemos dar o nosso
direito. A gente cresce com essa mentira vinda do inferno e vai se acostumando
com ela e moldando os nossos relacionamentos e regendo-os segundo esse
aprendizado. O resultado disso são casamentos acabados, amizades destruídas,
esfacelamentos pelas famílias, desordens psicológicas e muitas doenças
psicossomáticas.
O egoísmo vê tudo de si, tudo em si, mas não permite
ver o outro lado da moeda; não permite ver o próximo nem longe, muito menos
perto; não permite vislumbrar que uma simples auto colocação do outro lado da
história poderia mudar os rumos. O princípio da palavra é bem
claro: faça aos outros o que você gostaria que fizessem a você. O que você
gosta? O que te alegra? O que te traz sorrisos? O que te emociona? O que
carrega tua alma de prazer e felicidade? O que te faz derramar lágrimas de
satisfação por experimentar uma determinada situação?
As respostas a essas perguntas são as atitudes
que você deveria ter para com o próximo. E digo mais: inserir-se, mesmo que
mentalmente, no quadro existencial do outro lhe traz uma visão desconhecida de
uma situação que se está vivendo numa relação em desgaste. Pois o egoísmo
apenas lhe permite ver a si próprio como o ferido(a), o não amado(a), o trocado(a),
o abusado a), o incompreendido(a), o(a) passado(a) para traz, o(a) sem
sentimento, etc. A luneta usada é em forma de U: o espelho está apenas em
direção a si mesmo.
É necessário trocar essa luneta e coloca-la em
forma reta e correta, a buscar avistar bem longe o outro, EM SUAS TOTAIS EXPERIÊNCIAS,
EM SUAS LUTAS, EM SUAS AMBIGUIDADES, EM SUAS NECESSIDADES, EM SUAS TORTUOSIDADES, EM SUAS FRAGILIDADES,
EM SUA REALIDADE COMO ALMA HUMANA, COM TAMBÉM EM SUA BELEZA INTERIOR. Quando o egoísmo abrir espaço para essas
atitudes, as relações sairão de temperaturas abaixo de zero e começarão a ter o
grau de amor e acolhimento se elevando dia a dia até que atinja um clímax de
reciprocidade e respeito mútuo, até que encontre as raízes do perdão e da busca
do interesse do outro, fazendo do próximo, não apenas um substantivo comum, mas
uma pessoa real, dotada da necessidade de amor.
Quando a inserção para a compreensão começa a
reger as nossas relações, todas as nossas razões para não perdoar estilhaçam-se
e se fragmentam; quando a inserção mental começa a ser de todo verdadeira, a
paz é gerada, as relações são reconstruídas, as amizades são arrancadas dos
calabouços mentais nos quais estão trancafiadas; quando a inserção para a
compreensão existe como princípio de vida, a harmonia, ora perdida nos entraves
da vida e nos embates dolorosos, volta a passear nos jardins do nosso coração;
os abraços, já tão desacostumados, começam a contracenar no palco da nossa
vida; o sorriso, outrora perdido, apresenta-se como que puxando o restante de
um carrossel de sentimentos derivados do amor.
O amor e o egoísmo se opõem. Onde o egoísmo
tem sua bandeira estendida, tenha certeza de que os habitantes dessa nação são rancorosos,
não perdoadores, sem sorriso, sem amor, olhando apenas para si e nunca veem no
próximo a chance de estabelecer um diálogo que leve a uma relação amorosa e
amistosa, depois de certos conflitos. Por outro lado, onde a bandeira e o
estandarte é o amor, saiba que as relações são amistosas, as diferenças são respeitadas
e aceitas, as desavenças são perdoadas e a busca pelo interesse do outro sempre
está em primeiro lugar.
Não destrua seus relacionamentos pelo simples
fato de você achar que a sua verdade é a única verdade, e que o outro tem por
obrigação fazer melhor para melhorar o relacionamento de vocês. Não deixe que o
mar do rancor inunde sua alma e faça com que nunca mais se vejam os barcos da
felicidade e da harmonia navegarem nele. Fazendo assim, você está sendo
bem-aventurado.,
NaquEle que me ensina que perdoar é dar
continuidade aos relacionamentos.
Jahilton Magno
26.09.11
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