“Adiantando-se um pouco, prostrou-se sobre o seu rosto, orando e dizendo: Meu Pai, se possível, passe de mim este cálice! Todavia, não seja como eu quero, e sim como tu queres.” Mateus 26:39.
Hoje é o segundo dia do ano. Ainda reina uma santa expectativa de esperança sobre os outros 363 restantes. E paira ainda no ar aquele sentimento de concretização de sonhos, de cumprimento de profecias de Deus sobre nossas vidas; ainda está instalada sobre nosso coração aquela sensação gostosa de que o que vem por aí é bom, porque boa e perfeita é a vontade de Deus. Essas impressões permeiam nossas volições, porque no fundo da nossa alma, o Senhor colocou essa necessidade de viver o projeto dEle para nossas vidas.
Mas viver esse projeto nem sempre é fácil. Jesus viveu o projeto de vida de Deus para sua própria vida. E alegrou-se ao vivê-lo, entristeceu-se ao vivê-lo, sofreu ao vivê-lo, comoveu-se ao vivê-lo. Mas viveu-o intensamente como a única via pela qual pudesse caminhar, embora tivesse escolhas. Jesus entendeu que para a concretização da eternidade era necessário abrir mão do transitório, que para a construção do valor eterno, seria necessária a inversão dos valores e dos prazeres.
Chegou o ano novo, e nele tomou-me o coração a idéia de que penso que talvez nunca tenha vivido um ano integralmente em Deus, com as suas conseqüências. Por que? Talvez pelo medo, pela falta de confiança, por não querer abrir mão daquilo que esteja tão apegado, tão agarrado, tão acostumado; talvez pelo medo de ver diferentes os planos, as direções e ter invertidos os valores. Mas viver um ano em Deus, é arcar com as responsabilidades que estão implicadas nessa decisão. Não é fácil, pois se o fosse Jesus não tinha dito ao Pai “se possível”.
Mas a transparência em saber assumir os riscos e falar das dificuldades sobre elas certamente é uma das bênçãos libertadoras nesse processo. Porque não se pode deixar de ser homem o suficiente para não declarar as lutas interiores, os conflitos existentes na alma, as guerras que permeiam o ambiente da psique. Há de se ser sincero para vomitar as inquietações, as dúvidas, os desesperos. Porque no fundo só consegue fazer isso quem entende e aceita que “não tem que ser feita minha vida vontade, mas a de Deus”.
Por refletir sobre essas coisas que tenho esperança de um ano mais abençoado, não olhando com aquela perspectiva da benção apenas material, mas a benção da paz de Deus reinando sobre minha vida, a benção da alegria de fazer o que me está proposto a fazer, a benção de produzir eternidade em meu coração e nos corações dos que me cercam.
Quero aprender de Deus a sabedoria de que construir na eternidade é inverter valores; construir na eternidade é assumir riscos; construir na eternidade é ser homem o suficiente para dizer a Deus que a minha vontade nesse processo todo tem que estar submetida à vontade dEle. Tenho 363 dias ainda pela frente e quero chegar ao final dele podendo dizer: até aqui me ajudou o Senhor, porque eu procurei fazer a Sua vontade.
Jahilton Magno
São Luis.
02.01.10
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