
Embora essa deficiência — se é que posso ver assim —, a normalidade cá em baixo, na superfície do relevo das experiências que todos vivem, eu ia caminhando normalmente, tendo os sustos de todo mundo e tantas quantas fossem as alegrias e tristezas que se podia viver. Eu era um homem da vida cotidiana. Tinha um amor. E a certeza dessa posse me acalantava o ser. Que bom era ser dona da certeza de gostar e ter um alvo desse sentimento. Tudo cá em baixo ia na velocidade e esboço que não fugia ao roteiro comum a todos os seres.

Ainda mais que de repente, vi-me aqui no relevo da minha realidade. E tudo que senti falta fez-se assim palpável e visível. Não entendi nada. Fui devolvido ao meu mundo. Tinha minha escola. Meus pais. Meus amigos... Vi sorrisos que pensei haver perdido. Tudo foi tão rápido. Alegrei-me sobremaneira.
De súbito, voltei à terra desconhecida. Agora era diferente. Havia novos amigos, até mais. Alguns não lembrei de quando os conheci. Outros vi que eram de tempo recente. Mas senti falta de alguns antigos. Confesso que uma dor se instalou em mim. Entretanto, eu já podia caminhar com mais segurança e o medo dos sons naturais do meu deslocamento já não me assombravam. Ia andando e descobrindo tudo com certo receio. Aí...
Estava cá de volta, na superfície do meu mais real estado. Presente em corpo tanto quanto lá. Quis o resultado que apenas um abraço me causava. Busquei meu amor e a tive. Em questão de frações de minutos, a vida mudava. Eu era paz e sossego, alegria e agradecimento. Eu era...

Estava de volta aqui em baixo.
Então, desci da gangorra e resolvi viver a vida.
Aprendi que isso não era um sonho, mas a verossimilhança da existência humana. Reprogramei o computador da minha caminhada e, então, preparei-me para não perder a essência da minha natureza e ter arrancado de mim o dna do meu ser, como alma vivente.
Na gangorra, estar presente é inalterável.
Nela, não se perder é o alvo.
Nela, perder-se é fato costumeiro.
Jahilton Magno, 28.03.2015
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