Derrubar helicópteros parece coisa de terrorismo no oriente médio. Ou mesmo lembra notícias que se seguem dia a dia em ambientes que estão tomados por guerras. E o que se está vendo no Rio de Janeiro é exatamente isso. Pior que ainda que esteja ocorrendo, um sentimento de descrença tem tomado o Brasil. Isso mesmo: não estamos acreditando nos fatos. A perplexidade dentro em nós chegou - creio - ao mais alto grau no que diz respeito a conceber práticas como as que estamos vendo esses dias dentro do nosso país.
O que pensávamos nunca ser uma atitude real da parte dos bandidos do tráfico, agora é uma realidade que deixou logo diretamente três oficiais mortos e um ferido. E estamos dentro do Brasil, e, como palco, a cidade que há alguns dias foi o foco das atenções do mundo pelo fato de ser a sede das Olimpíadas em 2016. A festa foi trocada pela desgraça, as cenas de dança, pelas de crianças, mulheres e adultos correndo em meio à troca de tiros entre policiais e traficantes. O caos tomou conta e à tona vem a total insegurança por que passa a Cidade Maravilhosa.
O desrespeito ao Estado é demonstração do desrespeito à vida. Não apenas desrespeito, mas um total enfrentamento a ele. Demonstra que ele já não é encarado pelos traficantes como um poder, que de fato tem que ser acatado, mas apenas como um adversário que inviabiliza as suas proposições. O Estado é encarado como intruso dentro do espaço do crime e que tem que ser banido, afastado, ou como no caso do helicóptero, abatido. Ele é alvo da criminalidade também.
Deve-se pensar também que tal atitude – agir diretamente contra o Estado – toma proporções nem imaginadas pelos bandidos, porque atrai para si um contingente maior de ações que, efetivas ou não – não nos cabe isso agora –, redundará em mais violência contra eles também. Derrubar o helicóptero foi um ato corajoso, ao mesmo tempo impensado e suicida. E há de se analisar até onde chegarão as inconseqüências praticadas pelos traficantes. Agir inconseqüentemente sempre foi uma dentre as muitas práticas do ser humano. O que se segue não é de desconhecimento dele próprio, o que se vê nos anais da história não é para causar estranhamento. Os volumes dedicados a isso perpetuam essas práticas não são para abismar mais a sociedade, pelo contrário, somente colocam-na de frente com o que há de mais podre no coração humano, com o que há de mais sórdido no caráter de um ser caído e carente de mudança e mudança de Deus.
O entregar-se as suas paixões, culmina em atos hediondos, em práticas assassinas, em atos suicidas. O retrato da violência do Rio, é o nosso retrato, é a nosso raio X, é uma tomografia computadorizada, que expõe de forma não camuflada o que somos. E se apontarmos o dedo, estaremos no mínimo sendo cínicos o suficiente para, com tal atitude, e co-participantes da marginalidade que assola nosso país.Somos co-participantes quando, como sociedade, compramos a droga vendida; co-participantes quando não denunciamos o traficante; somos co-participantes quando sustentamos o vício do drogado ao dar uma moeda para ele no sinal das avenidas; somos co-participantes quando elegemos políticos que não tomam atitudes apropriadas para o combate, através de leis serias, criações de presídios, aparelhamento das polícias; somos co-participantes quando, acima de tudo, como sociedade, deixamos de reconhecer que necessitamos de Deus para mudar o nosso interior; somos co-participantes quando não damos a Deus o controle de tudo e achamos que todo esse problema só é de ordem antropológica, educacional, sociológica, econômica, psicológica e nunca espiritual.
Enquanto nós como sociedade pensarmos assim, estaremos colhendo sempre em nossos canais essas notícias e elas são apenas um prenúncio de horrores maiores que infelizmente presenciaremos.
Em Cristo, que mostra que o ser humano é um complexo ser psicossocial e também espiritual.
Jahilton Magno
21.10.09
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